No monte de lixo
A sorte do homem
Em seu rosto cansado
A figura da morte
Consome-o
Um pedaço de vida
Um farrapo de vida
Censurada
Sem partido
Nem leis
Simplesmente um homem
Em pedaços
Arrancaram-lhe os olhos miúdos
Deceparam-lhe a língua
E não ouve
Estouraram-lhe os ouvidos
Moucos ouvidos
As mãos fizeram-se chagas
Só ficou o rosto cansado
Onde a sorte – o destino
E a morte – o futuro
Cruzam-se abraçados
Rosalvo Júnior
terça-feira, 24 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
A BASE DE TODA METAFISICA
E agora, cavalheiros, eu lhes deixo
Uma palavra
Para ficar nas mentes de vocês
E nas suas memórias
Como princípio e também como fim
De toda metafísica.
(Tal qual professor aos estudantes
ao encerrar seu curso repleto.)
Tendo estudado antigos e modernos,
Sistemas dos gregos e dos germânicos,
Tendo estudo e situado Kant,
Fiche , Hegel,
Situado a doutrina de Platão,
E outros ainda superiores a Sócrates
Buscando pesquisar e situar,
Tendo estudado bastante o divino Cristo,
Eu vejo hoje reminiscências daqueles
Sistemas grego e germânico,
Deparo todas as filosofias,
Templos, dogmas cristãos encontro,
E mesmo sem chegar a
Secretas eu vejo
com absoluta clareza,
e sem chegar ao divino Cristo,
eu vejo o puro amor do homem por seu camarada,
a atração de um amigo pelo amigo,
de uma mulher pelo marido e vice-versa
quando bem conjugados,
de filhos pelos pais, de uma cidade por outras,
de uma terra por outra.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução de Geir Campos
Uma palavra
Para ficar nas mentes de vocês
E nas suas memórias
Como princípio e também como fim
De toda metafísica.
(Tal qual professor aos estudantes
ao encerrar seu curso repleto.)
Tendo estudado antigos e modernos,
Sistemas dos gregos e dos germânicos,
Tendo estudo e situado Kant,
Fiche , Hegel,
Situado a doutrina de Platão,
E outros ainda superiores a Sócrates
Buscando pesquisar e situar,
Tendo estudado bastante o divino Cristo,
Eu vejo hoje reminiscências daqueles
Sistemas grego e germânico,
Deparo todas as filosofias,
Templos, dogmas cristãos encontro,
E mesmo sem chegar a
Secretas eu vejo
com absoluta clareza,
e sem chegar ao divino Cristo,
eu vejo o puro amor do homem por seu camarada,
a atração de um amigo pelo amigo,
de uma mulher pelo marido e vice-versa
quando bem conjugados,
de filhos pelos pais, de uma cidade por outras,
de uma terra por outra.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução de Geir Campos
sábado, 21 de novembro de 2009
O ENCONTRO DESENCONTRADO
ELE AINDA GOSTAVA DELA
QUANDO CONHECEU O OUTRO
QUE NÃO GOSTAVA DE NINGUÉM.
ELE NÀO QUERIA FICAR SOZINHO
E COMO ELA NÃO GOSTAVA MAIS DELE
ELE ACABOU GOSTANDO DO OUTRO.
O OUTRO POR SUA VEZ
TERMINOU GOSTANDO DELE TAMBÉM
EMBORA NÀO QUISESSE GOSTAR DE NINGUÉM.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
ELE CHEGAVA QUANDO QUERIA
ENQUANTO O OUTRO NÃO ESPERAVA
E SE ESPERAVA
ELE NÃO APARECIA.
QUANDO ELE APARECIA
O OUTRO SORRIA
DEPOIS CHORAVAM
E ELE SUMIA
DIA APÓS DIA.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
SE HAVIA ENCONTRO MARCADO
A LIGAÇÃO CAÍA
A BATERIA ARRIAVA
A CONEXÃO DESAPARECIA.
QUE ENCONTRO MAIS DESENCONTRADO
O CARA E O SEU NAMORADO
QUE VIVIA SONHANDO ACORDADO
ENQUANTO ELE AINDA DORMIA
RICCO DUARTE
QUANDO CONHECEU O OUTRO
QUE NÃO GOSTAVA DE NINGUÉM.
ELE NÀO QUERIA FICAR SOZINHO
E COMO ELA NÃO GOSTAVA MAIS DELE
ELE ACABOU GOSTANDO DO OUTRO.
O OUTRO POR SUA VEZ
TERMINOU GOSTANDO DELE TAMBÉM
EMBORA NÀO QUISESSE GOSTAR DE NINGUÉM.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
ELE CHEGAVA QUANDO QUERIA
ENQUANTO O OUTRO NÃO ESPERAVA
E SE ESPERAVA
ELE NÃO APARECIA.
QUANDO ELE APARECIA
O OUTRO SORRIA
DEPOIS CHORAVAM
E ELE SUMIA
DIA APÓS DIA.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
SE HAVIA ENCONTRO MARCADO
A LIGAÇÃO CAÍA
A BATERIA ARRIAVA
A CONEXÃO DESAPARECIA.
QUE ENCONTRO MAIS DESENCONTRADO
O CARA E O SEU NAMORADO
QUE VIVIA SONHANDO ACORDADO
ENQUANTO ELE AINDA DORMIA
RICCO DUARTE
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
ogum 21 two
espada laser vatapá
abala flor de bonfim
bichim
lute king luther por mim
karatê maculelê krama judô
epigrana
deite na grama
rama rama arruma cama
espia-me:
a língua tão quente
tão investigadora
caqui
pandora
arre mata hari
mahatme de amor
bichim
por favor
faço fé
faça fiim
mano Ogum
Silvio Roberto
abala flor de bonfim
bichim
lute king luther por mim
karatê maculelê krama judô
epigrana
deite na grama
rama rama arruma cama
espia-me:
a língua tão quente
tão investigadora
caqui
pandora
arre mata hari
mahatme de amor
bichim
por favor
faço fé
faça fiim
mano Ogum
Silvio Roberto
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
AGRADECIMENTO
Caro leitor,
Hoje o blog CORCEL POÉTICO completa um mês de existência. Estamos agradecendo a você que, neste ritmo frenético que o mundo pós-moderno nos oferece , concedeu alguns minutos de sua atenção. A estrada é longa e temos muito a galopar.
Nosso abraço
Hoje o blog CORCEL POÉTICO completa um mês de existência. Estamos agradecendo a você que, neste ritmo frenético que o mundo pós-moderno nos oferece , concedeu alguns minutos de sua atenção. A estrada é longa e temos muito a galopar.
Nosso abraço
domingo, 15 de novembro de 2009
SACI
Num redemoinho só
Muitos sacis vêm brincar
De cabra cega
Por isso não se joga faca
Em redemoinhos
A lâmina de prata
Pode desfazer o encanto
E acabar a paz
Saci é bicho matreiro
Cheio de treitas
Mete medo com caretas
Na imaginação popular
Saci é moleque
Safado
Meio gente
Meio diabo
Deixe o redemoinho passar
Sossegado
Rosalvo Júnior
Muitos sacis vêm brincar
De cabra cega
Por isso não se joga faca
Em redemoinhos
A lâmina de prata
Pode desfazer o encanto
E acabar a paz
Saci é bicho matreiro
Cheio de treitas
Mete medo com caretas
Na imaginação popular
Saci é moleque
Safado
Meio gente
Meio diabo
Deixe o redemoinho passar
Sossegado
Rosalvo Júnior
domingo, 8 de novembro de 2009
RIMBAUD JOVEM
Lumes, ó lumes! Esta criança
Já foi homem e breve será mulher:
Se deitará à tarde numa cama,
Curvada de quatro com um homem
(Monte infinito de duros músculos,
Bem poucas palavras, nenhum vulto)
E ouvirá passar na rua, ao longe,
No fio da dor, pregões oportunos.
Oh, esta criança, que sofre ávida
A dor de um ânus mudo! Que sofre
E queima etapas puras no branco!
Toda a sua vida é um desencanto.
Todo o seu sonhar deitado, um longo
E vazio grito, esparramado vândalo.
Mayrant Gallo
Já foi homem e breve será mulher:
Se deitará à tarde numa cama,
Curvada de quatro com um homem
(Monte infinito de duros músculos,
Bem poucas palavras, nenhum vulto)
E ouvirá passar na rua, ao longe,
No fio da dor, pregões oportunos.
Oh, esta criança, que sofre ávida
A dor de um ânus mudo! Que sofre
E queima etapas puras no branco!
Toda a sua vida é um desencanto.
Todo o seu sonhar deitado, um longo
E vazio grito, esparramado vândalo.
Mayrant Gallo
sábado, 7 de novembro de 2009
ANIVERSÁRIO DE CECÍLIA MEIRELES
Marcando seu centésimo- oitavo aniversário de nascimento, resolvemos homenagear a grande voz da lírica nacional, Cecília Meireles, com a postagem de um dos seus últimos escritos.
CÂNTICO XXI
O teu começo vem de muito longe.
O teu fim termina no teu começo.
Contempla-te em redor
Compara.
Tudo é o mesmo.
Tudo é sem mudança.
Só as cores e as linhas mudaram.
Que importa as cores, para o Senhor da Luz?
Dentro das linhas o ritmo é igual.
Os outros vêem ensombrados.
Que o mundo perturbou.
Com as novas formas.
Com as novas tintas.
Tu verás com os teus olhos.
Em Sabedoria.
E verás muito além.
CÂNTICO XXI
O teu começo vem de muito longe.
O teu fim termina no teu começo.
Contempla-te em redor
Compara.
Tudo é o mesmo.
Tudo é sem mudança.
Só as cores e as linhas mudaram.
Que importa as cores, para o Senhor da Luz?
Dentro das linhas o ritmo é igual.
Os outros vêem ensombrados.
Que o mundo perturbou.
Com as novas formas.
Com as novas tintas.
Tu verás com os teus olhos.
Em Sabedoria.
E verás muito além.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
ROQUICÍDIO
Vocês curtem rock
eles ouvem um jazz
tomando seu on the rock’s
enquanto jaz a contracultura
numa jogada comercial.
Não faz mal a gente atura
os agentes financeiros da nossa fantasia
enjaularem nossa utopia.
Segura a onda cara!
O poder transformou o underground
em brincadeira de playground
e as “revoluções”
agora são por minuto.
Sacudir a cabeça nesse Heavy Metal
é coisa de doente mental
ou não?
O clássico retrato tropicalista
aquele do “Panis et Circensis”
hoje adorna a sala de estar
da nova geração de empresários.
Vamos subverter!
Chega de sermos marionetes
a entreter o Poder
Lula Miranda
eles ouvem um jazz
tomando seu on the rock’s
enquanto jaz a contracultura
numa jogada comercial.
Não faz mal a gente atura
os agentes financeiros da nossa fantasia
enjaularem nossa utopia.
Segura a onda cara!
O poder transformou o underground
em brincadeira de playground
e as “revoluções”
agora são por minuto.
Sacudir a cabeça nesse Heavy Metal
é coisa de doente mental
ou não?
O clássico retrato tropicalista
aquele do “Panis et Circensis”
hoje adorna a sala de estar
da nova geração de empresários.
Vamos subverter!
Chega de sermos marionetes
a entreter o Poder
Lula Miranda
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
MULHER NA PRAIA
MULHER NA PRAIA
Indiferente ao vento ela não se movia
o mar impassível assistia
a ausência de gestos, uns olhos de tormento
certa cor de cobre polido
na areia uma sombra delineava
uma forma gigantesca, estática
que se diluía de hora em hora
sob as espumas, em evolução acrobática
apresentando as armas
Nada parecia mover-se naquele instante
ela olhava o horizonte fixamente-
feito réptil- imóvel e vigilante
totalmente só, uma sobrevivente.
Nilza Nancy
Indiferente ao vento ela não se movia
o mar impassível assistia
a ausência de gestos, uns olhos de tormento
certa cor de cobre polido
na areia uma sombra delineava
uma forma gigantesca, estática
que se diluía de hora em hora
sob as espumas, em evolução acrobática
apresentando as armas
Nada parecia mover-se naquele instante
ela olhava o horizonte fixamente-
feito réptil- imóvel e vigilante
totalmente só, uma sobrevivente.
Nilza Nancy
Assinar:
Postagens (Atom)