Daquele mês de março
De um século que se foi
Deixarei com souvenir
O meu crachá
E uma certa ansiedade
De quem espera uma namorada
(Ou será um namorado?)
Foi bom ter navegado por sites eróticos
E esporrar nesta cueca que deixo
Para que seja lavada pelas senhoras recatadas
Agora...
Começo a lamber a calçada esburacada
Deste puteiro a céu aberto
Só levo comigo o lar que adquiri
(ou home page, se preferes assim)
As subidas no teleférico
E a água de coco da Praça da Inglaterra
Railton Santos
sábado, 26 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
SONS
Ao som do dia se ouve um cantar
Sinfonia de pássaros à Beethoven
Melodias doces em movimento
Canções consonantes, agradáveis.
Sintonia vibrante, choque das moléculas
Vibrar contínuo entre querer e paixão
Atenção à regência querida e requerida
Sonidos frenéticos pulsando,
Rataplando dentro do peito.
Regi-se pelo olhar... Mergulha n’alma
Sonoros suspiros, cadência aumentada
Sensível em direção à tônica (fundamental)
Resolução perfeita sem decepção
Sons sustenidos alterados
Sonidos suaves, cântico agradável.
Som, sinfonia, sintonia, sonidos, sonoros,
Sons... harmonizando.
Soa meu músculo pulsador
Ressoe seus sons e componha em mim uma canção.
Alfredo Oliveira
Sinfonia de pássaros à Beethoven
Melodias doces em movimento
Canções consonantes, agradáveis.
Sintonia vibrante, choque das moléculas
Vibrar contínuo entre querer e paixão
Atenção à regência querida e requerida
Sonidos frenéticos pulsando,
Rataplando dentro do peito.
Regi-se pelo olhar... Mergulha n’alma
Sonoros suspiros, cadência aumentada
Sensível em direção à tônica (fundamental)
Resolução perfeita sem decepção
Sons sustenidos alterados
Sonidos suaves, cântico agradável.
Som, sinfonia, sintonia, sonidos, sonoros,
Sons... harmonizando.
Soa meu músculo pulsador
Ressoe seus sons e componha em mim uma canção.
Alfredo Oliveira
sábado, 19 de dezembro de 2009
POETAS DE AMANHÃ
Poetas de amanhã: arautos, músicos,
cantores de amanhã!
Não é dia de eu me justificar
E dizer ao que vim;
Mas vocês, de uma nova geração,
Atlética, telúrica, nativa,
Maior que qualquer outra conhecida antes
- levantem-se: pois têm de me justificar!
Eu mesmo faço apenas escrever
Uma ou duas palavras
Indicando o futuro;
Faço tocar a roda para frente
Apenas um momento
E volto para a sombra
Correndo
Eu sou um homem que, vagando
A esmo, sem de todo parar,
Casualmente passa a vista por vocês
E logo desvia o rosto,
Deixando assim por conta de vocês
Conceituá-lo e aprová-lo,
A esperar de vocês
As coisas mais importantes.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução de Geir Campos
cantores de amanhã!
Não é dia de eu me justificar
E dizer ao que vim;
Mas vocês, de uma nova geração,
Atlética, telúrica, nativa,
Maior que qualquer outra conhecida antes
- levantem-se: pois têm de me justificar!
Eu mesmo faço apenas escrever
Uma ou duas palavras
Indicando o futuro;
Faço tocar a roda para frente
Apenas um momento
E volto para a sombra
Correndo
Eu sou um homem que, vagando
A esmo, sem de todo parar,
Casualmente passa a vista por vocês
E logo desvia o rosto,
Deixando assim por conta de vocês
Conceituá-lo e aprová-lo,
A esperar de vocês
As coisas mais importantes.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução de Geir Campos
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
BAR DE PIAÇAVA
Há becos
Ruas
Avenidas
Caminhos
O nosso caminho
O caminho dá pra esquinas
Pra esquina
De Ondina
A esquina
A nossa esquina
Na nossa esquina
Há bares
Há bar
Há um bar
O nosso bar
De frente pra ondas
Pra ondas do mar
Ficou guardado o point
O nosso eterno Caiambá
Railton Santos
Ruas
Avenidas
Caminhos
O nosso caminho
O caminho dá pra esquinas
Pra esquina
De Ondina
A esquina
A nossa esquina
Na nossa esquina
Há bares
Há bar
Há um bar
O nosso bar
De frente pra ondas
Pra ondas do mar
Ficou guardado o point
O nosso eterno Caiambá
Railton Santos
domingo, 6 de dezembro de 2009
ROSA OFERECIDA
Vem aragem
Traz-me o perfume
Da rósea manhã
Refresca-me a cuca
E faz-me alerta
Vem perfume da manhã
Nas asas da aragem fria
E acalenta esse desejo doido
Destrói essa tristeza árdua
Me acorda pra beijar
A rosa oferecida
Que me faz ter vida
Vem rosa
Desabrocha o canto
Nesse beijo ardente
Queimando tuas carnes
Pétalas sedentas
Rotas
Quero saciar esse desejo
Tão varrido
Como a aragem
Desvairada
Solta
Rosalvo Júnior
Traz-me o perfume
Da rósea manhã
Refresca-me a cuca
E faz-me alerta
Vem perfume da manhã
Nas asas da aragem fria
E acalenta esse desejo doido
Destrói essa tristeza árdua
Me acorda pra beijar
A rosa oferecida
Que me faz ter vida
Vem rosa
Desabrocha o canto
Nesse beijo ardente
Queimando tuas carnes
Pétalas sedentas
Rotas
Quero saciar esse desejo
Tão varrido
Como a aragem
Desvairada
Solta
Rosalvo Júnior
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
INSÔNIA
Noite infeliz
De barulho e confusão
Os pastores anunciaram a chegada de Deus
De Jesus Salvador
O Deus da luz
De afável coração
Que quis nascer nosso irmão
E a nós todos salvar
Manchete de jornal:
”Recém-nascido é encontrado no lixo à margem de uma grande avenida”
O pobrezinho nasceu na Bahia
Oh noite infeliz!
Railton Santos
De barulho e confusão
Os pastores anunciaram a chegada de Deus
De Jesus Salvador
O Deus da luz
De afável coração
Que quis nascer nosso irmão
E a nós todos salvar
Manchete de jornal:
”Recém-nascido é encontrado no lixo à margem de uma grande avenida”
O pobrezinho nasceu na Bahia
Oh noite infeliz!
Railton Santos
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
O AMOR DE DEUS
ONDE ESTAVA O AMOR DE DEUS
QUANDO DEVORARAM OS CRISTÃOS NO COLISEU
QUANDO ASSASSINARAM MILHÕES DE JUDEUS
E EVAPORARAM HIROSHIMA E NAGASAKI?
ONDE ESTAVA O AMOR DE DEUS
QUANDO DEVASTARAM O VIETNAN
QUANDO SADAM BOMBARDEOU O IRAN
E OS AMERICANOS INVADIRAM O IRAQUE?
PROCUREI PELO AMOR DE DEUS E ELE NÃO ESTAVA
NOS NAVIOS NEGREIROS QUE CRUZARAM O ATLÂNTICO
NAS FAVELAS ESPALHADAS PELO MUNDO
NOS FAMINTOS DOS SINAIS DE TRÂNSITO
NO ABANDONO DAS BOCAS DE FUMO
ONDE ESTAVA MEU DEUS O TEU AMOR
QUANDO MATARAM O TEU FILHO
E EM NOME DAQUELE SANGUE DERRAMADO
A HUMANIDADE SEGUIU ERRANTE
A PROCURA DO PARAÍSO PROMETIDO
ENQUANTO PASTORES DE TELEVISÃO ENLOUQUECIDOS
ENRIQUECEM ÁS CUSTAS DO TEU POVO
PERDIDO NA FÉ DO TEU AMOR
PROCUREI PELO AMOR DE DEUS E ELE NÃO ESTAVA
NOS AVIÕES QUE DERRUBARAM AS TORRES GÊMEAS
NAS DITADURAS QUE TORTURARAM SEM PENA
AQUELES QUE SONHARAM SER POSSÍVEL
E DERAM DE CARA COM O NADA.
Ricco Duarte
QUANDO DEVORARAM OS CRISTÃOS NO COLISEU
QUANDO ASSASSINARAM MILHÕES DE JUDEUS
E EVAPORARAM HIROSHIMA E NAGASAKI?
ONDE ESTAVA O AMOR DE DEUS
QUANDO DEVASTARAM O VIETNAN
QUANDO SADAM BOMBARDEOU O IRAN
E OS AMERICANOS INVADIRAM O IRAQUE?
PROCUREI PELO AMOR DE DEUS E ELE NÃO ESTAVA
NOS NAVIOS NEGREIROS QUE CRUZARAM O ATLÂNTICO
NAS FAVELAS ESPALHADAS PELO MUNDO
NOS FAMINTOS DOS SINAIS DE TRÂNSITO
NO ABANDONO DAS BOCAS DE FUMO
ONDE ESTAVA MEU DEUS O TEU AMOR
QUANDO MATARAM O TEU FILHO
E EM NOME DAQUELE SANGUE DERRAMADO
A HUMANIDADE SEGUIU ERRANTE
A PROCURA DO PARAÍSO PROMETIDO
ENQUANTO PASTORES DE TELEVISÃO ENLOUQUECIDOS
ENRIQUECEM ÁS CUSTAS DO TEU POVO
PERDIDO NA FÉ DO TEU AMOR
PROCUREI PELO AMOR DE DEUS E ELE NÃO ESTAVA
NOS AVIÕES QUE DERRUBARAM AS TORRES GÊMEAS
NAS DITADURAS QUE TORTURARAM SEM PENA
AQUELES QUE SONHARAM SER POSSÍVEL
E DERAM DE CARA COM O NADA.
Ricco Duarte
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
AUTOBIOGRÁFICO COM UM TOQUE
AUTOBIOGRÁFICO COM UM TOQUE
BUKOWSKIANO
Uma noite daquelas.
Duendes brincavam de cabra-cega
nos becos fétidos
merda, mijo e lixo humano
floriam minha fantasia urbana.
Um semi-deus marginal
prossegue seu calvário
caminhando trôpego
calando um certo inconformismo
em oníricos delírios etílicos.
Ao chegar em casa
jatos de vômito iriam emporcalhar
a 2ª edição de seu livro.
Os deuses reunidos
e às gargalhadas
colocaram o seguinte título
naquele poema cotidiano:
“Os grandes poetas morrem
em penicos fumegantes de merda”.
Lula Miranda
BUKOWSKIANO
Uma noite daquelas.
Duendes brincavam de cabra-cega
nos becos fétidos
merda, mijo e lixo humano
floriam minha fantasia urbana.
Um semi-deus marginal
prossegue seu calvário
caminhando trôpego
calando um certo inconformismo
em oníricos delírios etílicos.
Ao chegar em casa
jatos de vômito iriam emporcalhar
a 2ª edição de seu livro.
Os deuses reunidos
e às gargalhadas
colocaram o seguinte título
naquele poema cotidiano:
“Os grandes poetas morrem
em penicos fumegantes de merda”.
Lula Miranda
terça-feira, 24 de novembro de 2009
PEDAÇOS...
No monte de lixo
A sorte do homem
Em seu rosto cansado
A figura da morte
Consome-o
Um pedaço de vida
Um farrapo de vida
Censurada
Sem partido
Nem leis
Simplesmente um homem
Em pedaços
Arrancaram-lhe os olhos miúdos
Deceparam-lhe a língua
E não ouve
Estouraram-lhe os ouvidos
Moucos ouvidos
As mãos fizeram-se chagas
Só ficou o rosto cansado
Onde a sorte – o destino
E a morte – o futuro
Cruzam-se abraçados
Rosalvo Júnior
A sorte do homem
Em seu rosto cansado
A figura da morte
Consome-o
Um pedaço de vida
Um farrapo de vida
Censurada
Sem partido
Nem leis
Simplesmente um homem
Em pedaços
Arrancaram-lhe os olhos miúdos
Deceparam-lhe a língua
E não ouve
Estouraram-lhe os ouvidos
Moucos ouvidos
As mãos fizeram-se chagas
Só ficou o rosto cansado
Onde a sorte – o destino
E a morte – o futuro
Cruzam-se abraçados
Rosalvo Júnior
domingo, 22 de novembro de 2009
A BASE DE TODA METAFISICA
E agora, cavalheiros, eu lhes deixo
Uma palavra
Para ficar nas mentes de vocês
E nas suas memórias
Como princípio e também como fim
De toda metafísica.
(Tal qual professor aos estudantes
ao encerrar seu curso repleto.)
Tendo estudado antigos e modernos,
Sistemas dos gregos e dos germânicos,
Tendo estudo e situado Kant,
Fiche , Hegel,
Situado a doutrina de Platão,
E outros ainda superiores a Sócrates
Buscando pesquisar e situar,
Tendo estudado bastante o divino Cristo,
Eu vejo hoje reminiscências daqueles
Sistemas grego e germânico,
Deparo todas as filosofias,
Templos, dogmas cristãos encontro,
E mesmo sem chegar a
Secretas eu vejo
com absoluta clareza,
e sem chegar ao divino Cristo,
eu vejo o puro amor do homem por seu camarada,
a atração de um amigo pelo amigo,
de uma mulher pelo marido e vice-versa
quando bem conjugados,
de filhos pelos pais, de uma cidade por outras,
de uma terra por outra.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução de Geir Campos
Uma palavra
Para ficar nas mentes de vocês
E nas suas memórias
Como princípio e também como fim
De toda metafísica.
(Tal qual professor aos estudantes
ao encerrar seu curso repleto.)
Tendo estudado antigos e modernos,
Sistemas dos gregos e dos germânicos,
Tendo estudo e situado Kant,
Fiche , Hegel,
Situado a doutrina de Platão,
E outros ainda superiores a Sócrates
Buscando pesquisar e situar,
Tendo estudado bastante o divino Cristo,
Eu vejo hoje reminiscências daqueles
Sistemas grego e germânico,
Deparo todas as filosofias,
Templos, dogmas cristãos encontro,
E mesmo sem chegar a
Secretas eu vejo
com absoluta clareza,
e sem chegar ao divino Cristo,
eu vejo o puro amor do homem por seu camarada,
a atração de um amigo pelo amigo,
de uma mulher pelo marido e vice-versa
quando bem conjugados,
de filhos pelos pais, de uma cidade por outras,
de uma terra por outra.
Walt Whitman (1819-1892)
Tradução de Geir Campos
sábado, 21 de novembro de 2009
O ENCONTRO DESENCONTRADO
ELE AINDA GOSTAVA DELA
QUANDO CONHECEU O OUTRO
QUE NÃO GOSTAVA DE NINGUÉM.
ELE NÀO QUERIA FICAR SOZINHO
E COMO ELA NÃO GOSTAVA MAIS DELE
ELE ACABOU GOSTANDO DO OUTRO.
O OUTRO POR SUA VEZ
TERMINOU GOSTANDO DELE TAMBÉM
EMBORA NÀO QUISESSE GOSTAR DE NINGUÉM.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
ELE CHEGAVA QUANDO QUERIA
ENQUANTO O OUTRO NÃO ESPERAVA
E SE ESPERAVA
ELE NÃO APARECIA.
QUANDO ELE APARECIA
O OUTRO SORRIA
DEPOIS CHORAVAM
E ELE SUMIA
DIA APÓS DIA.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
SE HAVIA ENCONTRO MARCADO
A LIGAÇÃO CAÍA
A BATERIA ARRIAVA
A CONEXÃO DESAPARECIA.
QUE ENCONTRO MAIS DESENCONTRADO
O CARA E O SEU NAMORADO
QUE VIVIA SONHANDO ACORDADO
ENQUANTO ELE AINDA DORMIA
RICCO DUARTE
QUANDO CONHECEU O OUTRO
QUE NÃO GOSTAVA DE NINGUÉM.
ELE NÀO QUERIA FICAR SOZINHO
E COMO ELA NÃO GOSTAVA MAIS DELE
ELE ACABOU GOSTANDO DO OUTRO.
O OUTRO POR SUA VEZ
TERMINOU GOSTANDO DELE TAMBÉM
EMBORA NÀO QUISESSE GOSTAR DE NINGUÉM.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
ELE CHEGAVA QUANDO QUERIA
ENQUANTO O OUTRO NÃO ESPERAVA
E SE ESPERAVA
ELE NÃO APARECIA.
QUANDO ELE APARECIA
O OUTRO SORRIA
DEPOIS CHORAVAM
E ELE SUMIA
DIA APÓS DIA.
ASSIM PASSARAM OS DIAS
SE HAVIA ENCONTRO MARCADO
A LIGAÇÃO CAÍA
A BATERIA ARRIAVA
A CONEXÃO DESAPARECIA.
QUE ENCONTRO MAIS DESENCONTRADO
O CARA E O SEU NAMORADO
QUE VIVIA SONHANDO ACORDADO
ENQUANTO ELE AINDA DORMIA
RICCO DUARTE
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
ogum 21 two
espada laser vatapá
abala flor de bonfim
bichim
lute king luther por mim
karatê maculelê krama judô
epigrana
deite na grama
rama rama arruma cama
espia-me:
a língua tão quente
tão investigadora
caqui
pandora
arre mata hari
mahatme de amor
bichim
por favor
faço fé
faça fiim
mano Ogum
Silvio Roberto
abala flor de bonfim
bichim
lute king luther por mim
karatê maculelê krama judô
epigrana
deite na grama
rama rama arruma cama
espia-me:
a língua tão quente
tão investigadora
caqui
pandora
arre mata hari
mahatme de amor
bichim
por favor
faço fé
faça fiim
mano Ogum
Silvio Roberto
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
AGRADECIMENTO
Caro leitor,
Hoje o blog CORCEL POÉTICO completa um mês de existência. Estamos agradecendo a você que, neste ritmo frenético que o mundo pós-moderno nos oferece , concedeu alguns minutos de sua atenção. A estrada é longa e temos muito a galopar.
Nosso abraço
Hoje o blog CORCEL POÉTICO completa um mês de existência. Estamos agradecendo a você que, neste ritmo frenético que o mundo pós-moderno nos oferece , concedeu alguns minutos de sua atenção. A estrada é longa e temos muito a galopar.
Nosso abraço
domingo, 15 de novembro de 2009
SACI
Num redemoinho só
Muitos sacis vêm brincar
De cabra cega
Por isso não se joga faca
Em redemoinhos
A lâmina de prata
Pode desfazer o encanto
E acabar a paz
Saci é bicho matreiro
Cheio de treitas
Mete medo com caretas
Na imaginação popular
Saci é moleque
Safado
Meio gente
Meio diabo
Deixe o redemoinho passar
Sossegado
Rosalvo Júnior
Muitos sacis vêm brincar
De cabra cega
Por isso não se joga faca
Em redemoinhos
A lâmina de prata
Pode desfazer o encanto
E acabar a paz
Saci é bicho matreiro
Cheio de treitas
Mete medo com caretas
Na imaginação popular
Saci é moleque
Safado
Meio gente
Meio diabo
Deixe o redemoinho passar
Sossegado
Rosalvo Júnior
domingo, 8 de novembro de 2009
RIMBAUD JOVEM
Lumes, ó lumes! Esta criança
Já foi homem e breve será mulher:
Se deitará à tarde numa cama,
Curvada de quatro com um homem
(Monte infinito de duros músculos,
Bem poucas palavras, nenhum vulto)
E ouvirá passar na rua, ao longe,
No fio da dor, pregões oportunos.
Oh, esta criança, que sofre ávida
A dor de um ânus mudo! Que sofre
E queima etapas puras no branco!
Toda a sua vida é um desencanto.
Todo o seu sonhar deitado, um longo
E vazio grito, esparramado vândalo.
Mayrant Gallo
Já foi homem e breve será mulher:
Se deitará à tarde numa cama,
Curvada de quatro com um homem
(Monte infinito de duros músculos,
Bem poucas palavras, nenhum vulto)
E ouvirá passar na rua, ao longe,
No fio da dor, pregões oportunos.
Oh, esta criança, que sofre ávida
A dor de um ânus mudo! Que sofre
E queima etapas puras no branco!
Toda a sua vida é um desencanto.
Todo o seu sonhar deitado, um longo
E vazio grito, esparramado vândalo.
Mayrant Gallo
sábado, 7 de novembro de 2009
ANIVERSÁRIO DE CECÍLIA MEIRELES
Marcando seu centésimo- oitavo aniversário de nascimento, resolvemos homenagear a grande voz da lírica nacional, Cecília Meireles, com a postagem de um dos seus últimos escritos.
CÂNTICO XXI
O teu começo vem de muito longe.
O teu fim termina no teu começo.
Contempla-te em redor
Compara.
Tudo é o mesmo.
Tudo é sem mudança.
Só as cores e as linhas mudaram.
Que importa as cores, para o Senhor da Luz?
Dentro das linhas o ritmo é igual.
Os outros vêem ensombrados.
Que o mundo perturbou.
Com as novas formas.
Com as novas tintas.
Tu verás com os teus olhos.
Em Sabedoria.
E verás muito além.
CÂNTICO XXI
O teu começo vem de muito longe.
O teu fim termina no teu começo.
Contempla-te em redor
Compara.
Tudo é o mesmo.
Tudo é sem mudança.
Só as cores e as linhas mudaram.
Que importa as cores, para o Senhor da Luz?
Dentro das linhas o ritmo é igual.
Os outros vêem ensombrados.
Que o mundo perturbou.
Com as novas formas.
Com as novas tintas.
Tu verás com os teus olhos.
Em Sabedoria.
E verás muito além.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
ROQUICÍDIO
Vocês curtem rock
eles ouvem um jazz
tomando seu on the rock’s
enquanto jaz a contracultura
numa jogada comercial.
Não faz mal a gente atura
os agentes financeiros da nossa fantasia
enjaularem nossa utopia.
Segura a onda cara!
O poder transformou o underground
em brincadeira de playground
e as “revoluções”
agora são por minuto.
Sacudir a cabeça nesse Heavy Metal
é coisa de doente mental
ou não?
O clássico retrato tropicalista
aquele do “Panis et Circensis”
hoje adorna a sala de estar
da nova geração de empresários.
Vamos subverter!
Chega de sermos marionetes
a entreter o Poder
Lula Miranda
eles ouvem um jazz
tomando seu on the rock’s
enquanto jaz a contracultura
numa jogada comercial.
Não faz mal a gente atura
os agentes financeiros da nossa fantasia
enjaularem nossa utopia.
Segura a onda cara!
O poder transformou o underground
em brincadeira de playground
e as “revoluções”
agora são por minuto.
Sacudir a cabeça nesse Heavy Metal
é coisa de doente mental
ou não?
O clássico retrato tropicalista
aquele do “Panis et Circensis”
hoje adorna a sala de estar
da nova geração de empresários.
Vamos subverter!
Chega de sermos marionetes
a entreter o Poder
Lula Miranda
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
MULHER NA PRAIA
MULHER NA PRAIA
Indiferente ao vento ela não se movia
o mar impassível assistia
a ausência de gestos, uns olhos de tormento
certa cor de cobre polido
na areia uma sombra delineava
uma forma gigantesca, estática
que se diluía de hora em hora
sob as espumas, em evolução acrobática
apresentando as armas
Nada parecia mover-se naquele instante
ela olhava o horizonte fixamente-
feito réptil- imóvel e vigilante
totalmente só, uma sobrevivente.
Nilza Nancy
Indiferente ao vento ela não se movia
o mar impassível assistia
a ausência de gestos, uns olhos de tormento
certa cor de cobre polido
na areia uma sombra delineava
uma forma gigantesca, estática
que se diluía de hora em hora
sob as espumas, em evolução acrobática
apresentando as armas
Nada parecia mover-se naquele instante
ela olhava o horizonte fixamente-
feito réptil- imóvel e vigilante
totalmente só, uma sobrevivente.
Nilza Nancy
sábado, 31 de outubro de 2009
DÉJÀ VU
NA PRIMEIRA VEZ QUE EU TE VI
ERA MEIA LUZ
E O TEU ROSTO ESTAVA NA SOMBRA
ENTÃO PEGUEI A METADE ILUMINADA
E CORRI COM ELA PELA ESTRADA
PENSANDO TER PEGO
O RUMO CERTO.
PASSADO UM TEMPO
COM AS LUZES DA CASA ACÊSAS
TENDO A OUTRA METADE ÀS CLARAS
SENTÍ NO MEU CORAÇÃO UM APÊRTO
ERA EU DE NOVO
QUE TINHA ABERTO AS PORTAS DA MINHA ALMA
E COLOCADO O LIXO PARA DENTRO.
Ricco Duarte
ERA MEIA LUZ
E O TEU ROSTO ESTAVA NA SOMBRA
ENTÃO PEGUEI A METADE ILUMINADA
E CORRI COM ELA PELA ESTRADA
PENSANDO TER PEGO
O RUMO CERTO.
PASSADO UM TEMPO
COM AS LUZES DA CASA ACÊSAS
TENDO A OUTRA METADE ÀS CLARAS
SENTÍ NO MEU CORAÇÃO UM APÊRTO
ERA EU DE NOVO
QUE TINHA ABERTO AS PORTAS DA MINHA ALMA
E COLOCADO O LIXO PARA DENTRO.
Ricco Duarte
O CAVALO DE DRUMMOND
Homenageando o grande Carlos Drummond de Andrade, pela passagem do seu centésimo-oitavo aniversário de nascimento, resolvemos postar um dos seus poemas em que aparece a imagem de um cavalo como símbolo do instinto sexual.
Quarto em Desordem
Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.
Quarto em Desordem
Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
TRIBUTO A RENATO RUSSO
TRIBUTO A RENATO RUSSO
Marina cantou “Ainda é cedo”
E alguma coisa aconteceu
Ficaram os meninos e meninas
No show de Cássia
Os encontros fortuitos
Nos banheiros do shopping
A ferida exposta na cabeça
Do mendigo da estação
O engarrafamento no trânsito
Da estrada da Liberdade
Nada de ti ficou no mundo
Ficou no mundo
Nem filho de filho de verdade
Nem cinza sobre flores
Só música urbana.
Railton Santos
Marina cantou “Ainda é cedo”
E alguma coisa aconteceu
Ficaram os meninos e meninas
No show de Cássia
Os encontros fortuitos
Nos banheiros do shopping
A ferida exposta na cabeça
Do mendigo da estação
O engarrafamento no trânsito
Da estrada da Liberdade
Nada de ti ficou no mundo
Ficou no mundo
Nem filho de filho de verdade
Nem cinza sobre flores
Só música urbana.
Railton Santos
NOTURNAS HORAS
NOTURNAS HORAS
Na hora de sempre a noite se estende
sobre as intimidades, obsessivamente
Se interpõe entre os amantes
e as tempestades num brevíssimo repente
Pequenas e triviais desgraças
nesta hora calada na noite loquaz,
sob um céu estrelado nas praças
desespero uma cilada- o prazer fugaz,
A angústia campeia silenciosamente
há noites nos bares, nos quartos, nas ruas.
Os apelos inaudíveis proferidos inutilmente,
há noites entre nós na cama, nuas.
Irrompem tiranas em meio à nossa
desordem amorosa,
estremecem a alma e atiçam a carne,
os ódios guardados inflamam- uma dor
espantosa
abafo seu grito com um beijo covarde.
Gestos infindos perdem-se numa trama.
A noite estanca a sua hora!
Nossos corpos ardem em volátil chama,
ante o surgir de uma inexorável aurora.
Nilza Nancy
Na hora de sempre a noite se estende
sobre as intimidades, obsessivamente
Se interpõe entre os amantes
e as tempestades num brevíssimo repente
Pequenas e triviais desgraças
nesta hora calada na noite loquaz,
sob um céu estrelado nas praças
desespero uma cilada- o prazer fugaz,
A angústia campeia silenciosamente
há noites nos bares, nos quartos, nas ruas.
Os apelos inaudíveis proferidos inutilmente,
há noites entre nós na cama, nuas.
Irrompem tiranas em meio à nossa
desordem amorosa,
estremecem a alma e atiçam a carne,
os ódios guardados inflamam- uma dor
espantosa
abafo seu grito com um beijo covarde.
Gestos infindos perdem-se numa trama.
A noite estanca a sua hora!
Nossos corpos ardem em volátil chama,
ante o surgir de uma inexorável aurora.
Nilza Nancy
domingo, 18 de outubro de 2009
PAIXÃO
Leve como talco
No corpo mulato
Fazendo carinho
Manso como brisa
Na noite, o sereno
No corpo moreno
Um afago qualquer
Livre como pensamento
Sem cessar um momento
De pensar em você
Livre como beijo
Que vem dos seus lábios
Eu me entrego, semente
E esqueço
De tudo no mundo
E pertenço para sempre
Rosalvo Júnior
No corpo mulato
Fazendo carinho
Manso como brisa
Na noite, o sereno
No corpo moreno
Um afago qualquer
Livre como pensamento
Sem cessar um momento
De pensar em você
Livre como beijo
Que vem dos seus lábios
Eu me entrego, semente
E esqueço
De tudo no mundo
E pertenço para sempre
Rosalvo Júnior
BANHO
Invejo a água que percorre
seu corpo,
deixando brilhantes gotículas,
testemunhas inocentes
de uma cena voyerística,
estremecem sinuosas sobre
uma fria e perfumosa pele,
desmancham despudoradamente
os claros cachos que perpassam
entre os pelos e escorrem
num redemoinho,
diluindo meu amor,
numa alquimia frenética
Nilza Nanci
seu corpo,
deixando brilhantes gotículas,
testemunhas inocentes
de uma cena voyerística,
estremecem sinuosas sobre
uma fria e perfumosa pele,
desmancham despudoradamente
os claros cachos que perpassam
entre os pelos e escorrem
num redemoinho,
diluindo meu amor,
numa alquimia frenética
Nilza Nanci
RASGÃO
RASGÃO
No tempo dos generais
Ainda não navegávamos na Internet
E o Largo Dois de Julho já era
Este antro de devassos
Com terno, gravata, mulher,
Filhos e contas a pagar
Montamos seu álbum de família
E assim como Rimbaud
(Aquele destruidor de lares)
Com a minha espada de herói
E teu urro de fera
Rasgamos a página deste mesmo álbum
Railton Santos
No tempo dos generais
Ainda não navegávamos na Internet
E o Largo Dois de Julho já era
Este antro de devassos
Com terno, gravata, mulher,
Filhos e contas a pagar
Montamos seu álbum de família
E assim como Rimbaud
(Aquele destruidor de lares)
Com a minha espada de herói
E teu urro de fera
Rasgamos a página deste mesmo álbum
Railton Santos
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo ao Corcel Poético!
Este é um espaço para mostra, dicussão e opinião sobre poesia.
Um abraço
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